Dias 137 e 138 – Parque Nacional Tierra Del Fuego – Ushuaia (Argentina)
Dias 137 e 138 – 17 e 18 de fevereiro de 2019 – Parque Nacional Tierra Del Fuego – Ushuaia (Argentina)
A noite à beira da Bahia Ensenada no Parque Nacional da Terra do Fogo (em espanhol Parque Nacional Tierra del Fuego) foi muito tranquila, só o barulho da mata quebrava o silêncio.
O Parque Nacional Tierra del Fuego foi criado em 1960 para preservar a região mais meridional da cordilheira dos Andes e as florestas subantárticas. Está localizado no canto sudoeste da ilha, junto ao Canal de Beagle e a 12 km da cidade do Ushuaia. Possui 63.000ha de área, sendo apenas 2.000 ha abertos ao público, estando o restante catalogado como “reserva integral”. É o único parque na Argentina que combina o ambiente marinho, florestas e cadeias montanhosas dando forma a costa marinha, lagos glaciais, bahias tranquilas, vales profundos, extensos pântanos e bosques pitorescos tornado o cenário deslumbrante onde quer que você olhe. Porém, parte do parque pertence ao Chile.
Dentro do parque há vários lugares interessantes, aliás é difícil dizer o que é mais interessante, como o final da RN3 e a Baía Lapataia, o Centro de Visitantes Alakush e a Laguna Negra, Comboio ao Fim do Mundo, a área castoreira, o Lago Acigami ou Lago Roca, a Cascata do Rio Pipo, a Bahia Ensenada Zaratigui. Também existem mais de 40 km de trilhas abertas para todos os tipos de caminhadas que estão liberadas de outubro a abril.
O final da Ruta Nacional 3 ou RN3 é famoso porque faz parte do sistema de rodovias pan-americanas que começa no Alasca e depois de mais de 15 mil quilômetros termina dentro do Parque Nacional Tierra del Fuego junto à Bahia Lapataia. A Baía Lapataia encontra-se dentro do Parque Nacional Tierra Del Fuego. Forma-se às margens do Canal de Beagle e é cercada pelo Bosque Magallánico.
Por conta da umidade permanente, muitos organismos desenvolvem-se nas árvores, como cogumelos e musgos. A trilha que percorremos até a baía possui passarelas e mirantes que facilitam a observação e nos permite admirar o lugar.
O parque possui um Centro de Visitantes Alakush que fica as margens da Laguna Negra. O local oferece especialidades gastronómicas locais e banheiro além de uma loja de souvenirs.
A área com os castores é outro local interessante dentro do parque. Eles são originários do Canadá e em 1946 foram levados 25 casais à Ushuaia para que fosse iniciado o comércio de pele. Mas, as condições climáticas em Ushuaia eram diferentes das encontradas no Canadá e o negócio não deu certo. Pelos fato dos castores não terem predadores tornaram-se mais de 200.000, destoando do ecossistema e ocupando quase todas as bacias do arquipélogo Fueguino. Por isso, veem-se muitas áreas de bosques com árvores caídas e destruídas, além de cursos de rios alterados pela ação dos castores que constroem diques no leito dos rios para instalar suas colônias.
O Lago Acigami ou Lago Roca em referência ao sobrenome de Julio Argentino Roca, presidente da Argentina, está aos pés do Cerro Condor e é parte argentina da extensão de água que se estende da Argentina ao Chile.
Acigami significa “cesto ou saco” no idioma yámana, falado pelos yaganes, ameríndios do extremo sul do país. Talvez seja a vista mais bonita do Parque Nacional Terra do Fogo, já que a paisagem é composta pelo reflexo do céu e do relevo montanhoso na água, tornando-se um cenário para apreciar sem cansar.
E curtimos muito o bosque.
O nome Baía Ensenada Zaratiegui é em honra ao tenente-comandante Gerardo Zaratiegui ou apenas Baía Ensenada. É o resultado da ação das geleiras e está na margem norte do Canal de Beagle.
É cercada pelas florestas de Magalhães pertencentes ao Parque Nacional Tierra Del Fuego, embora tecnicamente esteja fora dele. Foi confirmada como parte soberana da Argentina, após uma longa disputa de fronteira com o Chile, relativa à disposição do canal de Beagle, afetando a soberania das águas e ilhas de seu interior e dos espaços marítimos adjacentes.
Nas muitas trilhas que fizemos, fomos até o mirante, que vista!!!
E demos uma sorte, talvez por ser fim do dia, quando o movimento no parque era muito pequeno, vimos vários animais. Aí, olha quem apareceu, o pica-pau, que lindo!
Nessa época do ano, fevereiro, os dias anoitecem muito tarde e com isso, fomos passeando, passeando, passeando e quando percebemos já eram quase 20:00 mesmo com o dia ainda claro, mas fomos para outro local do parque para dormir. E nesse local, já haviam outros overlanders.
Essa noite foi de muuuuuuito frio, dentro do Tropeiro fez 3,1 graus e do lado de fora -3,4 graus. Custamos para sair da cama. Mas como tem muita coisa para rever no parque porque já estivemos aqui de outra vez, lá fomos nós.
E a primeira coisa que fizemos foi voltar à Bahia Ensenada para carimbamos nossos passaportes no Correio do Fim do Mundo.
Passeando pelo parque apreciamos o Comboio ou trem a vapor do Fim do Mundo que passou por nós. É uma atração famosa e um passeio imperdível por 5 km dentro do parque, já havíamos feito esse passeio em viagem de férias à Ushuaia. Ele foi construído para que os prisioneiros de Ushuaia pudessem cortar lenha. Esta é a parte final da linha que unia a prisão de Ushuaia aos campos de trabalho situados na zona que hoje pertence ao parque.
O passeio leva cerca de uma hora por trecho e tem uma parada de desembarque. As paisagens vistas ao longo do trajeto são lindíssimas, com muita área verde, montanhas nevadas, bosques e riachos. Para algumas pessoas, o passeio é entediante porque o trem se locomove bem devagar, principalmente se for após o almoço.
Fizemos uma trilha de 10 a 15 minutos até a Cascata Rio Pipo, em meio a montanhas enormes e bosque de lengas.
O rio Pipo ou rio Ajej drena as suas águas ao Canal de Beagle, desembocando na baía Golondrina, sendo um rio argentino de bacia argentino-chilena. É denominado assim porque seu trajeto está exclusivamente sobre território argentino, mas os afluentes pela sua margem direita no setor médio da sua bacia têm suas nascentes em território chileno, da comuna de Cabo de Hornos localizada na Província da Terra do Fogo, na Região de Magallanes e da Antártica Chilena.
Deixamos o parque com um gostinho de quero mais. Ao cruzarmos a portaria do parque, imediatamente o celular começou a funcionar.